O Seu Espaço de Trabalho: uma fonte de Felicidade!

19 de Novembro de 2022

O movimento global de olhar para os nossos espaços como uma influência directa de harmonia em todas as áreas das nossas vidas foi criado pelo guru japonês, Marie Kondo e está a crescer todos os dias. Aprender a viver apenas rodeado de coisas, pessoas e rotinas que nos trazem alegria é o desafio proposto para viver uma vida verdadeiramente feliz e completa.

 E se este grande tema começou por ganhar relevância na nossa vida pessoal, rapidamente percebemos que a importância do ambiente onde trabalhamos tem um enorme impacto na forma como vivemos a nossa vida profissional. Já existem inúmeros estudos que demonstram o impacto na motivação, produtividade, auto-estima e mesmo na forma como somos percebidos pelos outros.

 Para tornar este tema ainda mais relevante, novas formas de trabalho estão agora a ser combinadas: algumas pessoas regressam ao trabalho presencial, outras ficam em casa (ou num café, numa praia...) e algumas têm uma mistura de ambos.

 E há desafios para todos, especialmente se a forma actual não tiver sido escolhida mas imposta pela empresa. Não há certo ou errado, e uma vez que este é um artigo de opinião, deixo-vos 3 ideias principais que considero fundamentais para que o ambiente em que trabalhamos seja um instrumento que melhora a nossa relação com a empresa e a nossa missão, que contribui para o todo.

 

#1 A secretária  limpa

 Uma secretária limpa, ou mesmo um desktop arejado, é como um hall de entrada.

Se todos os dias abrirmos a porta e descobrirmos um hall cheio de lixo e coisas espalhadas, a motivação para começar o dia com o pé direito fica mais fora de alcance. Acredito numa secretária com vida (tal como acredito numa casa com vida). Durante o dia, papéis, canetas, post it's, cabos irão aparecer indicando que alguém ali está, ou esteve. O importante é preparar a sua secretária para um bom dia no dia seguinte, ou para um momento de foco e concentração. Portanto, convido-o a experimentar durante uma semana: deixe a sua secretária, ou espaço de trabalho individual, o mais limpo e vazio possível e repare como se sente na manhã seguinte. Observe os seus níveis de motivação e a sua própria produtividade, e com esta evidência de observação, escolha como quer viver esse espaço para tirar o melhor partido dele.

 

#2 Estados de espírito diferentes, ambientes diferentes

 Foi um dos maiores desafios e pedidos que tive por parte das empresas para  apoiar os colaboradores que estavam em home office durante a pandemia: como separar fisicamente o trabalho da vida pessoal? E foi então que me apercebi da importância de uma simples tabuleiro de mesa. Nem todos nós temos escritórios ou um espaço isolado para trabalhar em casa, e para muitos, a sala de estar tornou-se o escritório e a escola de todos. A mesa de jantar deixou de ser uma mesa de jantar e toda a rotina de trabalho e tranquilidade pessoal se confundiu num nó que muitas vezes era cego. É aqui que a famosa ideia de "menos é mais" entra em poderosa acção.

A melhor maneira de controlar o espaço de uma determinada coisa na nossa vida é atribuir-lhe um limite físico.

E percebi que uma bandeja, uma simples bandeja de mesa, ou bandeja de cozinha, fornece essa solução. Pode caber num computador, folhas, cadernos, canetas. E tudo cabe numa cadeira quando terminamos de trabalhar para tornar o quarto novamente um espaço familiar.

 

#3 Quebrar o ciclo vicioso da "tralha" 

Que o nosso cérebro pode ser programado, todos nós já sabemos, não fossemos fãs incondicionais de uma vida plena. Que o nosso cérebro  fica cansado com todos os estímulos externos, também. Agora, sempre que nos permitimos trabalhar, criar, pensar, num ambiente caótico, cheio de distracções, de coisas fora do lugar, ou mesmo já desnecessárias, estamos a cansar o nosso cérebro. Na verdade, estamos a distraí-lo e a forçá-lo a fazer um maior esforço de concentração. Cansado, ele perde a capacidade de escolher o que é melhor para nós. Faz-nos perder o controlo sobre o que realmente importa. E quando o fazemos, damos espaço a uma sensação de não realização, de perda de amor por nós mesmos e pelo que estamos a entregar. Deitamos a toalha ao chão, e o que começou como simples papéis sobre um projecto importante, é agora uma pilha desarrumada de documentos confusos que nem sequer nos apetece revisitar.

 

O que eu gostaria de vos trazer com estas reflexões é que o que obtemos do nosso ambiente de trabalho depende muito mais de nós do que do papel de parede e da luz natural. Afinal de contas, de que serve ter um espaço de trabalho ultra moderno no que concerna a tecnologia e decoração, se não nos conseguimos encontrar e concentrar no que realmente queremos criar todos os dias?

 

Rita Carvalho de Matos